Ser pai, ser mãe: crise e renascimento

Quando nos tornamos pais, temos a impressão de que passamos a viver no centro de um tornado.
Os acontecimentos, as demandas, o fracasso e o sucesso parecem nos carregar involuntariamente!
Mal podemos cuidar de nossas questões e quando nos damos conta, nos colocamos no papel mais intenso da vida que é receber e cuidar de um filho.
Escolha consciente ou inconsciente que nos coloca diante de uma crise!
Crise vista, sinal de amadurecimento; quando não, sinal de que não estamos podendo viver essa tarefa com consciência e discernimento.
Onde termina a minha demanda e onde começa a do filho? O que é meu e o que vem dele? É possível fazer esse processamento?
Pronto: estamos diante da crise trazida pelo papel de tutelares, cuidadores, pais...
Renascimento à vista!
A possibilidade de renascermos vem da possibilidade de olhar para os limites. E se há uma condição que nos coloca honesta e verdadeiramente diante dos nossos limites é a maternidade e a paternidade.
Buscar esse enfrentamento, estar disponível para aprender com o limite e a frustração, é para poucos, os corajosos pais e mães que descobriram que não estão no controle.
Incoerentemente a vida nos coloca como comandantes e, ao mesmo tempo, nos diz que não estamos no controle absoluto da nau. Tempestades, sol brilhando e uma indescritível vontade de continuar, de não abandonar definitivamente a embarcação, sim, ás vezes desejamos abandonar...
Que loucura é essa que coloca um bebê completamente dependente de nossos cuidados, porque ele não sobrevive sem eles, e depois nos diz que devemos torna-los autônomos, e nós, dispensáveis...
Ninho vazio, sensação de ter que retomar a própria vida sem eles, depois de dispor de anos e anos dessa mesma vida aos filhos e quase integralmente.
Eles, os filhos, ocupam impiedosamente uma grande parcela da contabilidade e da logística da vida física, emocional, econômica, espiritual... e cronológica! Seríamos capazes de contabilizar no relógio da vida o tempo, senhor de tantas coisas na atual vida louca que levamos?
E depois eles se vão... na melhor das hipóteses!
Como se reencontrar? – outra crise! Outro renascimento!
Crise e renascimento, medos e vitórias – essa é a questão dos pais.
A busca: encontrar sentido em si mesmos, em suas escolhas, e encontrar na vida com os filhos o prazer e a lição de que estamos sob a lei da evolução, ainda que a dor faça parte, ás vezes, desse processo.
Abraço fraterno!
(09 de abril de 2013)